quinta-feira, 28 de abril de 2011

MISSÃO DOS CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS

Leigos e Leigas são, antes de tudo, cristãos e membros da Igreja em plenitude. Pelo Batismo são incorporados a Cristo e constituem o Povo de Deus, e participam das funções de Cristo: profeta, Sacerdote e Rei.  Desde o Concilio Vaticano lI, partimos do pressuposto que a Igreja é o "Povo de Deus". Não existem duas categorias de cristãos: os clérigos e os leigos, mas uma única categoria os batizados. Os Leigos exercem sua função profética, sacerdotal e 'real, a seu modo, e fazem a sua parte na missão comum a todo o Povo de Deus.

A condição devida do leigo(a) é lida teologicamente como vocação - Vocação Laical. Não é comum assumirmos o "ser Leigo" como uma vocação. Quando se fala em vocação dentro da Igreja, pensamos logo em vocação sacerdotal ou religiosa. Mas hoje se frisa bastante nos documentos da Igreja a vocação laical. Isto é o que nos distingue: o modo de atuação.

Toda vocação nos leva a uma missão. O que é missão?
A missão da Igreja (Povo de Deus) é assumir o projeto evangelizador de Jesus. A Igreja nasce com o objetivo único: dar continuidade à pratica de Jesus. Ela é chamada a anunciar o Reino e a salvação em Jesus Cristo, demonstrando sua solidariedade e sua disposição de serviço para com toda a humanidade. Nós como leigos, membros da Igreja, temos, portanto, como missão maior esta missão da igreja. Qual é entretanto a nossa especificidade?

Pelo Documento de Aparecida, o Leigo é a luz do mundo. Sua missão própria e especifica se realiza no mundo, de tal modo que com seu testemunho e suas atividades contribua para a transformação das realidades e para a criação de estruturas justas segundo critérios do Evangelho. (Nº 210).

Os Leigos são também chamados a participar na ação pastoral da Igreja, primeiro com o testemunho de vida e, em segundo lugar com ações da vida litúrgica e outras formas de apostolado, segundo as necessidades locais sob a guia dos pastores. (N02U) Mas a missão especifica dos leigos expressa nos diversos documentos eclesiais, desde a Evangelli Nuntiandi (EN), de Paulo VI, até o Documento de Aparecida se realiza no mundo. "O espaço próprio de sua atividade evangelizadora é o mundo vasto e complexo da política, da economia, das realidades sociais, como também o da cultura, das ciências e das artes, dos meios de comunicação social e outras realidades abertas à evangelização, como são o amor à família, a educação das crianças, o trabalho profissional e o sofrimento" (EN).

Isto é, portanto, o que nos diferencia. Construir o reino de Deus, exercendo funções temporais. A nós cabe a tarefa difícil de agir na transformação, por dentro, das estruturas sociais. Por dentro, porque somos nós que estamos dentro delas, nós fazemos parte, nós somos' a sociedade. A EN diz que a nossa missão é impregnar dos critérios evangélicos a mentalidade, os costumes, as leis, as estruturas sociais em que vivemos. O Documento de Sto. Domingo nos coloca como protagonista da nova evangelização.

Sintetizando, diríamos que a missão do Leigo é a santificação do mundo pela sua profissão, seu testemunho e Pela sua Fé, Esperança e Caridade. As mudanças do nosso tempo estão exigindo da Igreja uma presença maior no mundo. Nós precisamos ser essa presença da Igreja no mundo.

Quais são as situações desafiadoras que o mundo coloca para a Igreja?
A situação socioeconômica, a injustiça social, o egoísmo, o individualismo, a ação deseducativa da mídia, a falta de ética, as drogas, todo tipo de violência etc.

Frente a essas realidades, quais são os nossos desafios?
Conhecer as estruturas da sociedade, estarmos atentos aos sinais dos tempos, interessarmo-nos pelos problemas políticos, pois só assim poderemos atuar com eficácia na sociedade. O grande problema dos leigos é a dicotomia entre Fé e Vida (Fé professada e vida cotidiana).

Como enfrentar esses desafios?
Com formação, organização (Comunidade) e espiritualidade. A formação é fundamental. Uma formação integral, que abranja o conhecimento do Projeto e Jesus, e as realidades sociais que nos envolvem.

É na comunidade que buscamos a força, o incentivo, o conhecimento para enfrentarmos nossa missão no mundo. Na comunidade eclesial nos abastecemos. Essa vivência dos valores evangélicos, o seguimento de Jesus, sua vida, suas ações ou seja, seu Projeto de vida. Essa é a nossa espiritualidade.

A Igreja, enquanto comunidade, só cumpre sua missão, na medida que se faz missionária, sai de si e exerce um serviço na sociedade, o espaço da edificação do reino de Deus, que não é uma realidade intimista. O Vaticano II põe a Igreja nesta perspectiva: inserir-se no seio da sociedade, numa atitude de diálogo, serviço a todos, em especial aos mais pobres.

Como agir?
Como ação concreta, sugerimos a participação em iniciativas da sociedade civil, com presença nos conselhos paritários, visando à superação das desigualdades, da exclusão, da miséria e da violência. A promoção de grupos de formação e ação, em vista à participação da sociedade civil na política. Formação da consciência moral e da prática social cristã acerca dos problemas de ordem ética (corrupção). Participação em ações frente às causas como: desarmamento, promoção da paz, combate à prostituição de crianças e jovens, combate às drogas etc. O campo de evangelização é enorme e desafiador. É urgente a nossa ação.

Maria Helena Lambert - Presidente do Conselho de leigos da Diocese de Santos e Vice Presidente do CNLB Regional Sul I

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