segunda-feira, 18 de abril de 2011

PARTICIPANTES DO SEMINÁRIO DA PASTORAL DOS MIGRANTES DIVULGAM DOCUMENTO FINAL DO ENCONTRO

Os participantes do 4º Seminário da Pastoral dos Migrantes, que aconteceu nos dias 16 e 17, em Jundiaí (SP), divulgaram o documento final do encontro, após debater sobre os atuais rostos da migração, as características e tendências da migração e a missão da família scalabriniana neste contexto.

O documento destaca os aspectos significativos, os desafios e as perspectivas que emergiram deste seminário. Um dos aspectos tratados foi o da migração na América Latina, onde se estima que 26 milhões de pessoas vivam fora de seus países.

Leia abaixo a integra do documento final:

DOCUMENTO FINAL

1. INTRODUÇÃO

“Conscientes da complexidade do fenômeno migratório, é necessário que todas as dioceses interessadas se mobilizem para que os movimentos migratórios sejam considerados também como ocasião para descobrir novas modalidades de presença e de anúncio, segundo as próprias possibilidades, a um condigno acolhimento e animação destes nossos irmãos para que, tocados pela Boa Nova, se façam eles mesmos anunciadores da Palavra de Deus e testemunhas do Senhor Ressuscitado, esperança do mundo.” (EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL VERBUM DOMINI DO SANTO PADRE, O PAPA BENTO XVI).

Os fatos, os rostos, as situações vividas pelos migrantes e refugiados e a diversidade de processos migratórios, presentes no cenário nacional e internacional, nos dias de hoje, foram contemplados no IV Seminário de Pastoral dos Migrantes promovido pela Província Nossa Senhora Aparecida da Congregação das Irmãs Missionárias Scalabrinianas, envolvendo a ação missionária scalabriniana de Irmãs, formandas e leigos Missionários Scalabrinianos.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO

O IV Seminário Provincial de Pastoral das Migrações faz parte da programação em preparação ao IV Seminário Congregacional de Pastoral dos Migrantes que será realizado em Caxias do Sul, no período de 24 a 29 de novembro de 2011. O tema central do Seminário “Rostos da migração, um sinal dos tempos”; lema “Como cantar um canto novo em terra estrangeira.” Sl 136,4 com o objetivo de fortalecer a identidade scalabriniana MSCS no ser migrante com os migrantes para responder com fidelidade criativa aos desafios atuais da migração.

Participaram deste acontecimento Irmãs Scalabrinianas da Província Nossa Senhora Aparecida e formandas, leigos e leigas Scalabrinianos.

O seminário foi constituído pela exposição de dois temas iluminadores e pela apresentação de experiências pastorais focalizando diferentes rostos da migração. Os temas apresentados foram “Migrações contemporâneas, características e tendências” assessorado por Ir. Rosita Milesi, mscs e “ A Identidade e Carisma Scalabriniano a partir do testemunho de Madre Assunta Marchetti” assessorado por Ir. Sônia Delforno, mscs. As experiências partilhadas foram as seguintes: O Rosto do Migrante e a Saúde – Ir. Luiza Salles; O Rosto do Migrante na Proposta Educativa Scalabriniana – Ir. Maria do Carmo Gandra; O Rosto de crianças filhos de migrantes e refugiados – Ir. Joana da Silva – (Ibarra – Equador); O Rosto do Migrante na visão do LMS – Sra Adelaide Macedo Santana Jacinto; O Rosto da família Migrante – Ir. Luciana Rodrigues; O Rosto do Migrante desde uma visão intercultural – Jenie Patricia Acosta Pereira; O Rosto do Migrante Deportado – Ir. Teresinha Monteiro (Honduras); O Rosto do Migrante Urbano – Ir. Renilda Teixeira Pereira; O Rosto do Migrante e seu Protagonismo – Ir. Maria de Fátima Pereira; o Rosto do Migrante Sazonal – Ir. Inês Facioli.

3. Aspectos significativos emersos do IV Seminário

As Diretrizes Gerais do Apostolado MSCS nos recordam que o protagonismo do migrante é um valor imprescindível no apostolado da Irmã MSCS e deve se concretizar nas diferentes formas de atuação.

Os rostos de migrantes são para nós expressão teológica, ou seja, revelam a ação de Deus na nossa vida e missão, sempre nos convocando a um protagonismo carismático.

A contextualização teórica sobre a visão da mobilidade no mundo e a partilha das experiências pastorais junto aos migrantes realizadas pelas irmãs, formandas e leigos scalabrinianos.

A migração não é um problema, mas um fato social. O migrante é um ser humano e não deve ser tratado como problema. A migração faz parte da dinâmica da vida e é um grande recurso para a integração da humanidade.

A solidariedade scalabriniana se manifesta pela capacidade de ir ao encontro do migrante e procurar orientar, ajudar, esclarecer, confortar, animar, ser esperança no sofrimento, partilhando a vida com ele.

Madre Assunta expressou e transmitiu o carisma com a vida. Encarnou e testemunhou com sabedoria divina. Por isto continua sendo modelo para nossos tempos.

A vocação leiga scalabriniana exige um novo jeito de olhar para o migrante e atuar em diferentes pastorais.

As distancias para o migrante, muitas vezes não tem a ver com o espaço geográfico. As distancias são questões culturais. É preciso interpretar a realidade e agir conforme os aspectos culturais que a envolvem.

Rostos de migrantes urbanos muitas vezes escondidos nas periferias por medo de se mostrarem porque foram feridos de forma profunda pela exclusão. É preciso ir ao encontro deles e ser estímulo na reconstrução da vida.

A força que move o migrante é a esperança. A migração traz consigo novos valores, sementes de comunhão e testemunho da dimensão peregrina da humanidade.

O início da nossa Congregação se deu com o atendimento e a acolhida às crianças migrantes órfãs. Hoje, raramente se fala em órfãos. Não seriam as crianças desacompanhadas de hoje, os órfãos que no principio foram atendidos pela congregação?

Abertura da Escola Pe. José Marchetti de Santo André para atender crianças menos favorecidas, como sinal solidário e profético da Rede ESI.

4. Desafios e perspectivas para a Missionariedade Scalabriniana:

4.1. Desafios

Com o continuo crescimento dos movimentos migratórios crescem também os desafios para a Pastoral dos Migrantes.

Migrações por questões de desastres ambientais e guerras.

Aprofundar conhecimentos sobre as diferentes realidades migratórias, para ter uma visão mais globalizada e dessa maneira criar estratégias de atuação, para uma missão mais concreta.

Definição de prioridades missionárias e pastorais.

Aumento da violação dos direitos humanos, econômicos e sociais dos migrantes, por isso, nossa intervenção é mais que necessária.

Resgatar a força evangelizadora e missionária do migrante como protagonista.

Crianças, adolescentes e jovens migrantes ameaçados pelas drogas, abuso sexual e trafico humano.

4.2. PERSPECTIVAS:

A interação sócio-pastoral do migrante reduz os fatores psico-sociais que influenciam na precariedade de suas condições de vida, favorecendo-lhe novos espaços de convivência, resgate da auto estima e cidadania.

Melhor articulação entre nossas presenças missionárias.

5. COMPROMISSOS A SEREM ASSUMIDOS EM ÂMBITO DE PROVINCIA

Continuar a reestruturação de nossas obras, presenças e atividades com coragem, agilidade em desmontarmos nossas tendas e armá-las onde estão os novos movimentos migratórios.

Manter o Cultivo da identidade congregacional, preservando a unidade e continuidade do carisma Scalabriniano.

Dar prioridade ao trabalho com as mulheres migrantes e menores desacompanhados.

Fortalecer a Pastoral dos Migrantes e articular com as demais pastorais, unindo forças para responder às novas tendências migratórias.

Dar a conhecer os elementos contidos no documento elaborado pelas observadores do Seminário nos aspectos: a) visibilidade da identidade, espiritualidade e vida missionária Scalabriniana; b) Incidência da atividade missionária na Igreja, nas políticas publicas e na sociedade; c) Metodologia na atividade pastoral com os migrantes e o protagonismo dos migrantes.

Ser presença de fé, alegria e esperança junto aos migrantes nas situações de desumanização, violência, xenofobia, discriminação e violação dos direitos humanos, denunciando, questionando, articulando parcerias e cobrando a implementação de políticas públicas.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim como a migração, o IV Seminário Provincial aconteceu de forma dinâmica, permeado de muita alegria e esperança, sentimentos estes que caracterizam a vida e missão das Irmãs, formandas e Leigos Scalabrinianos.

Podemos afirmar que a grande interrogação de Scalabrini na Estação de Milão, mediante o drama e o sofrimento dos migrantes “O que posso fazer?” vem sendo atualizada, vivida e traduzida através das ações missionárias em diferentes frentes migratórias, visibilizando dessa forma o carisma scalabriniano.

Com os migrantes, construtores da fraternidade universal, esperamos novos céus e nova terra, pois, a presença deles quando acolhida e estimada pode tornar-se uma riqueza para todos.

Jundiaí, 17 de abril de 2011

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