domingo, 17 de abril de 2011

17 DE ABRIL DE 1996. MEMORIAL DE UM MASSACRE




“Se nos calarmos, as pedras falarão”

Não podemos, não devemos, não aceitamos a decisão do Tribunal do Júri que absolveu os policiais que mataram 19 (dezenove) trabalhadores rurais sem terra.

No dia 17 de abril de 1996, aproximadamente às 16h00min, cento e cinqüenta e cinco policiais militares cercaram mil e quinhentos trabalhadores rurais que encontravam-se acampados nas laterais do Km 96 da rodovia estadual PA 150, no Município de Eldorado do Carajás, Estado do Pará.

Estes mil e quinhentos trabalhadores, ligados ao MST, eram parte do acampamento da Fazenda Macacheira e deslocavam-se para Belém para exigir o cumprimento de acordo com o Incra e Governo do Estado, onde estava prevista a desapropriação da Fazenda Macacheira.

Minutos após o cerco, os policiais militares começaram a atirar em direção aos trabalhadores. Uma hora após, no local estavam estendidos dezenove cadáveres de trabalhadores. Outros sessenta e nove trabalhadores gravemente feridos e dezenas de outros feridos levemente estavam escondidos nos arredores do local, após terem conseguido escapar ao cerco dos policiais.

Durante toda a duração da operação militar de desobstrução da pista da rodovia, foram assassinados seis trabalhadores. Após desobstruída a pista e formalmente encerrada a missão dos policiais, foram executados sumariamente ainda outros treze trabalhadores, que ou se encontravam feridos e inconscientes na pista ou que, conscientes, não tinham mais condições de locomoverem-se, em função de ferimentos de bala nos pés e pernas.

Este foi o massacre de Eldorado do Carajás.

Todos os policiais militares que participaram do massacre foram julgados e absolvidos.

O Tribunal do Júri de Belém decidiu condenar apenas dois comandantes: o coronel Mário Colares Pantoja e o capitão Raimundo Lameira.

O Massacre de Eldorado do Carajás e a impunidade dos mandantes e executores é a demonstração inequívoca da incapacidade do Governo Federal em respeitar os tratados internacional e os direitos humanos.

Com estes memoriais pretendemos apresentar os motivos que desencadearam o massacre, a construção da impunidade e farsa em que o julgamento realizado em Belém se transformou e manifestar nossa indignação contra a absolvição dos policiais militares.

A absolvição dos policiais que executaram os 19 (dezenove) trabalhadores rurais é inaceitável!!

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