sexta-feira, 29 de outubro de 2010

UMA BOA FORMAÇÃO SEMPRE FAZ A DIFERENÇA

A Igreja não pode ser entendida como uma instituição na qual alguns sabem e outros não, alguns decidem e outros obedecem, alguns são sujeitos e outros objetos.

A Igreja só é plenamente Igreja quando há uma profunda comunhão entre os batizados, independente de qual função tenham. E para isso é necessário que os cristãos e cristãs vivenciem o dom recebido do Batismo e o façam na co-responsabilidade enquanto sujeitos da ação eclesial.

E é tudo isso que leigos e leigas desejam: uma formação da consciência de que, em tudo que fizerem, nas práticas pastorais, nos ministérios, ou no agir cristão na sociedade, em todos os seus âmbitos, o façam como sujeitos do agir que executam, pois só assim construirão uma Igreja como o Povo de Deus em marcha.

Um laicato adulto na fé, consciente e atuante na transformação da sociedade, de acordo com os valores do Reino, numa Igreja comprometida com a Vida Plena para todos e todas, não pode prescindir de uma formação permanente, integral, não limitada, encarnada, participativa, crítica, transformadora.

Formação não é curso. Embora um curso possa a vir enriquecer uma formação. Notar também que muito repasse teórico não significa uma boa formação; ela deve ser integral, atingindo não só a dimensão intelectual, mas afetiva, social, espiritual.

Daí a importância de se trabalhar com motivação, com metodologia, com comunicação adequados, respeitando os vários níveis de conhecimento em que se encontram os formandos/as.

A questão da linguagem também é importante; uma linguagem que aos engajados é familiar, não o é necessariamente para os que estão mais afastados. Isso, para evangelização, é condição básica.

Importante também é entender que ninguém é uma tabula rasa. As pessoas têm uma história própria, com cultura religiosa recebida da família e do seu meio ambiente, portanto trazem consigo toda uma contribuição que não pode ser ignorada. Se falamos em sujeitos eclesiais não podemos perder de vista que sujeitos constroem seu próprio conhecimento e uma formação séria não vem desacompanhada da realidade de cada um, de cada grupo, onde os formandos/as devem ser sujeitos de sua própria formação.

A prática de Jesus, a visão de mundo, o entendimento do que é ser Igreja e da própria vocação são pilares para um estudo do laicato. Um estudo, uma teoria que deve vir acompanhada do agir. Melhor ainda se a teoria for construída a partir da prática. Para que a teoria se não houver a prática?

Alguns outros pontos precisam ser lembrados: uma formação séria leva as pessoas as discernirem as exigências do Reino dentro das situações concretas da vida; leva a um desempenho eficaz de seu ministério e não apenas um débil preparo contando muito mais com a generosidade dos que os assumem; leva a uma formação teológica não em escala reduzida em relação àquela que é oferecida aos ordenados; leva a capacitar os cristãos/ãs a serem capazes de gerar cultura, um novo estilo de vida, na economia, na política, nas relações humanas, nas artes; prepara para a participação na vida social e política do país.

Uma formação que pensa em sujeitos eclesiais deve valorizar e preparar os formandos/as para a participação nos processos de planejamento, decisão, execução e avaliação da prática pastoral e das diretrizes da ação evangelizadora, nas instâncias eclesiais da qual participa. É preciso aprender a trabalhar com os outros e não para os outros.

Formadores também necessitam de formação, já que o processo de conhecimento nunca se esgota e precisa sempre ser atualizado. Espera-se que estes mesmo formadores contribuam com novas metodologias, novos métodos para que a formação em si seja sempre motivadora.

Necessário será lembrar da parte financeira, de quanto se gasta com a formação.de leigos e leigas. É menor do que se gasta com as reformas das igrejas, com outras atividades? Nesse caso será preciso rever prioridades.

E por fim, espera-se numa Igreja onde a comunhão é primordial que os cristãos ordenados “sintam-se convocados pela Igreja para acolher a participação de leigos e leigas em toda a vida da comunidade, que respeitem sua missão própria, que incentivem sua formação integral e que apóiem o seu crescimento”.

Por outro lado ninguém sai ileso de uma boa formação. Ela sempre levará a um agir eficiente, transformador, desacomodado e compromissado ou não terá sido uma boa formação.

Márcia Maria Domingas de Almeida Signorelli – Comissão de Formação do CNLB

Este texto está contido no caderno preparatório que o Conselho Nacional do Laicato do Brasil ( Terceira Hora)confeccionou para o triduo de Cristo Rei –2010 Quem desejar o material completo entrar em contato com o CNLB de Campinas;

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