A Igreja católica adotou à perfeição o ditado de que “a melhor defesa é um bom ataque”. Com esta estratégia, o Vaticano afirmou que os casos de pederastia e abusos sexuais são ínfimos comparados com os que podem ser encontrados em outras religiões. “Nós limpamos a nossa casa, que outros limpem a sua”, afirma a Santa Sé.
A reportagem está publicada no sítio espanhol Periodista Digital, 29-09-2009. A tradução é do Cepat.
Em uma declaração desafiante e provocadora, feita depois de uma reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, o arcebispo Silvano Tomasi, observador do Vaticano na ONU, afirmou que “dos casos investigados, os que são efetivamente culpados representam apenas entre 1,5% e 5% da comunidade católica”.
“Além disso, não se deveria falar de pedofilia, mas de efebofilia, ou seja, de relações entre varões adolescentes que se atraem mutuamente”, prosseguiu.
Matizes semânticos à parte, a Igreja não poupou esforços para tentar dizer que a responsabilidade da enorme quantidade de casos descobertos nos Estados Unidos não é sua, mas de outras confissões. Tomasi afirmou que os meninos vítimas destes abusos pertenciam a comunidades protestantes, talvez induzidos pelos judeus, entre os que também é frequente este tipo de prática.
A declaração conclui: “Como a Igreja católica se ocupou de limpar a sua própria casa, seria bom que outras instituições e autoridades, onde se relata a maior parte dos abusos, poderia fazer o mesmo e informar a mídia sobre o assunto”.
Reações de recusa
Representantes de alguma das confissões assinaladas não demoraram em reagir de forma irada diante de semelhantes acusações para expiar as próprias culpas da Igreja.
O rabino Joseph Potasnik, chefe da Junta de Rabinos de Nova York, disse: “a tragédia comparada é um caminho perigoso que é preciso evitar. Todos temos que olhar para dentro das nossas próprias comunidades. Os maus-tratos infantis são pecaminosos e vergonhosos, e devemos expulsá-los de imediato do nosso meio”.
Um porta-voz da Igreja Episcopal dos Estados Unidos disse que as medidas para a prevenção de abusos sexuais e a proteção das crianças haviam estado em vigor durante anos.
Caber recordar que a Igreja católica é a religião mais castigada pelas denúncias de abusos sexuais. A Igreja dos Estados Unidos teve que pagar mais de um 1,5 milhão de euros em forma de indenizações. A comunidade católica da Irlanda se viu sacudida por este tipo de polêmica.
Além disso, mais de 30.000 crianças de todo o mundo sofreram maus-tratos por parte de instituições de padres ou freiras, segundo informa o jornal britânico The Guardian.
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