“Com a terceira encíclica, Caritas in veritate, publicada no dia 07-07-2009, Bento XVI se articula com o compromisso social de seus predecessores”, escreve o editorial “Um papa social”, do jornal Le Monde, 08-07-2009.
Prevista para 2007, e adiada devido à crise, o texto papal é publicado oportunamente na vigília do G-8, em Áquila, Itália. Cada encíclica social corresponde a uma crise mundial ou a uma ruptura: Rerum novarum de Leão XIII (1891), correspondia ao nascimento do capitalismo industrial; Quadragésimo anno, de Pio XI (1931), ao centro da Grande Depressão; Populorum progressio, de Paulo VI (1967), quando a ajuda ao desenvolvimento prolongou a descolonização; Centesimus annus de João Paulo II (1991), após a queda do comunismo.
Prevista para 2007, e adiada devido à crise, o texto papal é publicado oportunamente na vigília do G-8, em Áquila, Itália. Cada encíclica social corresponde a uma crise mundial ou a uma ruptura: Rerum novarum de Leão XIII (1891), correspondia ao nascimento do capitalismo industrial; Quadragésimo anno, de Pio XI (1931), ao centro da Grande Depressão; Populorum progressio, de Paulo VI (1967), quando a ajuda ao desenvolvimento prolongou a descolonização; Centesimus annus de João Paulo II (1991), após a queda do comunismo.
Bento XVI não revoluciona o pensamento social da Igreja católica, orientada há mais de um século na busca da justiça social a serviço do “bem comum”. Bento XVI a atualiza novamente tendo em conta a globalização. O papa propugna um “humanismo integral”, acentuando que o homem é “o primeiro capital a ser salvaguardado e valorizado”. Como João Paulo II, Bento XVI defende a economia de mercado mas sob a condição de que se leve em conta o “bem comum” e que se reabilite o dom.
Neste documento de 140 páginas se dirige aos bispos, Bento XVI não fica preso a um registro papal clásscio – como quando proclama que “um humanismo sem Deus é inumano” ou que ele espera fazer da economia “um lugar de comunhão” -, ele dá a este capitalismo, muitas vezes vilipendiado por seus predecessores, uma lição de ética social.
O bispo de Roma reconhece as virtudes da globalização, já que ela favorece o desenvolvimento ou uma melhor distribuição das riquezas, mas ele aponta para as suas disfunções: as desordens da atividade financeira, a especulação, a má gestão dos fluxos migratórios, a corrupção, a exploração anárquica dos recursos naturais, o desemprego, a fome, etc.
Sabia-se que Bento XVI era um papa moral – muito controvertido -, mas ele é também um papa social. Um pontífice que postula, à luz da crise, um capitalismo verdadeiramente regulado. Ele se inscreve, desta maneira, no seu tempo indicando que o papel do Estado, “destinado a crescer”, deve ser ‘repensado”. No momento em que Luiz Inácio Lula da Silva pronuncia, em artigo publicado no nosso jornal, o ato de morte do G-8 e quer fazer do G-20 uma instituição permanente, Bento XVI partilha o pessimismo do presidente brasileiro sobre a governança mundial. Ele postula uma “autoridade política mundial”. Um sonho de papa.
Fonte: Site UNISINOS
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