As atividades da assembléia neste dia 24/06 (Dia de São João Batista) foram retomadas à tarde com a acolhida de Dom Cláudio Nori Sturm, Bispo da Comissão do Laicato - Regional Leste II. Em seguida, os 10 grupos de estudo partilharam as suas discussões em plenária(...)
Alguns pontos elencados:
- O laicato deve aprofundar o compromisso com os pobres e excluídos da sociedade, sem relativizar o assunto;
- Intensificar a formação e o aprofundamento sobre a vocação e a missão dos leigos e leigas na Igreja e na sociedade;
- Criar um processo de conscientização sobre o consumo responsável e sustentável;
- Incentivar e aprimorar a criação de sites e blogs para uma maior divulgação e expansão do CNLB;
- O laicato precisa ser luz e colocar-se cada vez mais a serviço da vida;
- É preciso repensar a nossa linguagem e investir mais na comunicação;
- O CNLB deve se pronunciar nas seguintes questões: homofobia, pedofilia, aborto etc;
- Fazer um manifesto contra todas as situações que ameaçam a vida, principalmente na mídia e meios de comunicação social;
- Intensificar a participação nos conselhos municipais e demais entidades da sociedade civil organizada, de uma forma crítica;
- Marcar e reafirmar a nossa identidade e o nosso espaço no contexto socioeclesial;
Em seguida, Pe. Alfredinho retomou as suas reflexões acerca do tema central da assembleia. Eis os principais aspectos de sua explanação:
- Os leigos devem atuar fortemente em todos os níveis de atuação: CNLB - IGREJA - SOCIEDADE - PLANETA;
- A relação CONSELHOS-PASTORAIS-MOVIMENTOS precisa ser melhor compreendida. O conselho de leigos/as não é pastoral ou movimento, mas sim um organismo aglutinador, tendo a mesma importância que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), CRB (Conselho de Religiosos do Brasil), CNP (Conselho Nacional de Presbíteros) e os demais organismos da Igreja;
- Nós, infelizmente, reduzimos a nossa linguagem às modalidades: escrita e falada. Há uma infinidade de linguagens que não são devidamente aproveitadas na ação evangelizadora.
- Nossas liturgias são "brancas" e "europeias". Não valorizam a beleza da cultura negra e indígena;
- Nós, enquanto Igreja, não estamos preparados para dialogar com o mundo urbano. Nós muitas vezes estamos em "AM" e o povo está em "FM";
- Sem arte não há libertação!
- A espiritualidade dos leigos/as deve estar centrada na pessoa e no projeto de Jesus Cristo. Isso é "conditio sine qua non", ou seja, condição sem a qual não existe cristianismo;
- O jovem está órfão e perdido na Igreja hoje. O sacramento da crisma, infelizmente, representa hoje "despedida solene da Igreja com a bênção do bispo";
- Liberdade sem muros e limites é abismo, beco sem saída;
Depois de um rápido lanche, Pe. Alfredinho retomou o tema fazendo uma análise de conjuntura eclesial. Eis os principais pontos:
- A Igreja Católica não é um bloco unificado, ela está permeada por vários setores. Ela está no mundo e por isso, é dilacerada pelos mesmos conflitos que atingem a sociedade, como toda e qualquer instituição;
- Campos de ação - Riscos e potencialidades:
1- Instituição - diocese, cúria etc.
Qual é a identidade da Igreja? Nesta resposta há riscos e potencialidades:
Riscos: confundir a identidade da Igreja com a identidade da Igreja de um determinado período, como por exemplo da Idade Média, onde vigorou o que chamamos de "cristandade";
Potencialidades: Não parar na Idade Média, recuar até a prática de Jesus. O poder que se traduz em serviço;
2- Movimentos religiosos - folcolarinos, RCC, Legião de Maria etc.
São uma realidade na Igreja hoje. Há também aqui riscos e potencialidades:
Riscos: Uma leitura equivocada da realidade, segundo a qual ela não pode ser mudada. Alguns movimentos se tornam "barquinhos"de salvação.
Potencialidades: quer queiramos ou não, os movimentos trazem consigo o sopro do Espírito Santo, na alegria de celebrar, espontaneidade, acolhida etc. Todavia, há exageros também. O totalitarismo é muito perigoso. Guimarães Rosa disse certa vez: "A verdade não está em mim e nem em você, mas sim no diálogo".
3- Midiática - TVs católicas nacionais, regionais, rádio etc.
Não podemos desconhecer o terreno midiático. Aqui também há riscos e potencialidades:
Riscos: Desconhecer a linguagem do meio de comunicação. Cada meio de comunicação tem a sua linguagem própria. Muitas vezes a linguagem da Igreja não consegue atingir o público e por isso, acabamos falando para nós mesmos.
Reduzir o Evangelho a um "show". A mídia, especialmente a TV, se limita a fazer espetáculos, entretenimentos e isso acaba gerando expectativas falsas, mexendo profundamente com a consciência das pessoas;
Potencialidades: A mídia trabalha com milhões de pessoas, enquanto nossas celebrações atingem apenas algumas centenas de pessoas. Felizmente, já começam a surgir padres, bispos e leigos com uma linguagem eficaz, fruto de uma melhor capacitação;
4- Piedade Popular: Percebemos um crescimento significativo nos santuários de todo o Brasil.
Riscos: Há também um pensamento nessa vertente, de que nós não podemos mudar a realidade. O pensamento mágico ainda é muito forte nesse âmbito.
Potencialidades: Existe uma enorme fé popular, uma confiança inabalável em Deus. A linguagem do toque é uma característica desse campo de ação. Essa é a linguagem de quem muito ama e muito sofre. Nem sempre isso é superstição. Trata-se de um gesto de quem quer tocar no sagrado.
5- Ação Social: Riscos - Machismo, briga pelo poder, vícios de corrupção etc.
Potencialidades: Presença firme nos porões da humanidade, entre as pessoas mais ameaçadas da sociedade.
- O problema da América latina não é o secularismo, mas sim o excesso de deuses.
Uma vez concluído esse momento, finalizamos a tarde com a janta.
Por César Augusto Rocha - delegado da Diocese de Tianguá na XXX Assembleia Nacional dos Leigos e Leigas
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