terça-feira, 14 de junho de 2011

PESQUISA INDICA PERFIL DO JOVEM BRASILEIRO

Nada do ímpeto revolucionário de outrora. Pesquisa da Box1824 divulgada nesta segunda-feira, 13, e antecipada na edição impressa de Meio & Mensagem que circula na mesma data, aponta que “90% dos jovens concordam que a transformação da sociedade acontece aos poucos” e “92% concordam que a soma das pequenas ações do dia-a-dia pode mudar a sociedade, e resultar em macro-transformações”. Intitulado “Sonho Brasileiro”, o estudo é o primeiro conduzido pela consultoria — que foi fundada há oito anos e especializada na faixa etária que lhe dá nome (gente com idade entre 18 e 24 anos) — que foca especificamente o comportamento voltado para as questões nacionais, não de consumo.

A reportagem é de José Gabriel Navarro e publicada pelo blog de Rudá Ricci, 13-06-2011.

A Box1824 chama seus mais de mil entrevistados da fase qualitativa de “transformadores”. A empresa afirma que essas pessoas representam 8% da faixa etária analisada, e que elas estão pensando sobre o País e o futuro da nação; têm uma consciência coletiva mais apurada e já estão atuando em projetos voltados à comunidade; são otimistas, por já enxergarem os resultados das próprias ações; e são disseminadores de questões coletivas.

62% dos participantes da pesquisa acreditam que os governantes são os responsáveis por mudanças na sociedade — a maior parte desses jovens está no Norte e no Centro-Oeste, onde o índice de crença nos políticos é de 70%; a menor parte está no Nordeste (59%).

A quantidade de pessoas que atribuem o papel de mudança às escolas e universidades gira em torno de 35%, enquanto os que veem a mídia como forma de transformar o mundo são 29% — entre os que têm ensino superior, esse índice é de 41%, contra 24% dos que completaram apenas o Ensino Fundamental.

Além disso, 70% dos jovens afirmaram ter vontade de participar de projetos comunitários (ou de participar de mais algum, nos casos dos que já participam). Destes, a maioria (31%) tem interesse por projetos voltados para cultura e arte, seguidos de 29% interessados em programas pró-meio ambiente e 26% que querem contribuir na área da educação.

A fase qualitativa contou com gente das classes A, B e C, de 18 a 24 anos, das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. Depois, o Datafolha fez a fase quantitativa, com 1.784 entrevistas, com jovens das classes A, B, C, D e E, em 173 cidades de 23 estados.

Segundo o jornal Zero Hora, 14-06-2011, o estudo da Box1824, empresa de pesquisa especializada no mapeamento de tendências de comportamento, em parceria com o instituto Datafolha, mostra que 55% dos entrevistados têm como maior sonho individual a formação profissional e emprego. Depois, aparecem casa própria (15%), ficar rico ou ter estabilidade financeira (9%), a família (6%) e compra de bens como carro, moto e eletrodomésticos (3%). Para o sociólogo Gabriel Milanez, pesquisador da Box1824 envolvido no estudo, o resultado não significa que a nova geração rejeita ficar rica ou ter o carro do ano.

– O fim não é só ficar rico e consumir. É ser alguma coisa mais do que ter. Ao mesmo tempo, o jovem não nega que deseja estabilidade e retorno financeiro. Não significa que não quer posses, mas quer ir além – diz Milanez.

Se nos anos 60 e 70 a juventude tinha sonhos grandiosos, a geração atual deseja o que está mais à mão. Tal comportamento deriva em muito da percepção de que os planos dos pais de mudar o mundo, calcados em revoluções, não deram certo.

– A nova geração é mais pragmática. A característica deles é que apostem em sonhos possíveis – explica Milanez.

Essa condição aparece na escala de sonhos construída nas entrevistas. A primeira pergunta do questionário era “Qual o seu maior sonho?”. “Ser feliz” aparece em sétimo lugar, com 2%, depois de ter um carro, moto ou eletrodoméstico (3%) e de viajar (2%).

– Ser feliz é uma coisa muito etérea. Os sonhos da nova geração são vivenciáveis e podem ser o caminho para outros sonhos – diz o sociólogo.

O estudo mostra ainda que 89% dos entrevistados têm orgulho de ser brasileiros. Ao mesmo tempo, a maioria não tem preferência partidária e concorda ser possível mudar a política a partir de ações do dia a dia.

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