segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

MOVIMENTOS SOCIAIS DEFINEM DATAS DE LUTA PARA 2011

Inspirados pelas lutas no norte da África – mencionadas em quase todas as falas – centenas de ativistas lotaram completamente o anfiteatro, para a assembléia dos Movimentos Sociais. Organizada pela Marcha Mundial de Mulheres, Via Campesina, CADTM, CERPAC, UNSAS, COMPA, ASC, CUT, entre outras, a assembléia, bem como o documento final, convoca atores e forças populares de todos os países a desenvolver ações de mobilização, coordenadas a nível mundial.

A reportagem é de Terezinha Vicente e publicada pela Rede Ciranda, 12-02-2011.

Estudantes da UCAD – Universidade Cheikh Anta Diop, que abrigou este FSM, manifestaram-se no início da assembléia, protestando contra a presença de marcas consagradas do capitalismo – Nestlé, Coca-cola, etc - no espaço do Fórum. Para eles, o Fórum deveria preocupar-se em promover os produtos locais, bem como deveria ter maior participação de senegaleses, mas eles acham que o grande evento internacional não foi bem divulgado por aqui, e os estrangeiros estiveram em maioria.

Quem deve a quem ?

Palmas, gritos e punhos cerrados espalharam-se pelo público de pé, com a apresentação do rapper “Matador”, um dos destaques dos muitos poetas e músicos locais e suas letras engajadas. Ele colocou fogo na plenária falando e cantando pela África independente, contra o presidente do Senegal, “refém do imperialismo”, contra alguns outros ditadores do continente e também contra Sarkozy. O auge foi quando o músico falou contra o pagamento da dívida externa, perguntando se o país tem algo a pagar. Non, no, não... o coro pegou geral.

Contra o capitalismo e o patriarcado, o racismo, o machismo e a homofobia, falou Miriam Nobre, coordenadora internacional da Marcha Mundial de Mulheres. Ela recordou o começo do processo do FSM, o enfrentamento à OIC, OMC, a luta contra a ocupação do Iraque, o crescimento da resistência. A realidade mudou, disse ela, com o encontro de várias organizações nestes últimos anos, que percebem ter mais coisas em comum do que parecia. E falou contra a criminalização dos movimentos sociais. “Devemos absorver a energia que vem da África do Norte, precisamos nos engajar em ações fortes e comuns”.

Pela Tunísia, falou Fathi Chamki, “contra a ditadura sangrenta que acaba de ser vencida”. Se a revolução começou na África do Norte, “o arsenal repressivo continua e precisamos desmontá-lo”. A proposta de documento final foi lida por Adele Safic, da Marcha Mundial do Congo. “Nossas lutas mostram o caminho a outro mundo possível”, disse ela, citando os avanços na América Latina em defesa da mãe Terra, e pediu por democracia participativa, pela autodeterminação dos povos, pelos bens comuns, por outra forma de produção e consumo, pela soberania alimentar, contra a violência a mulher, contra a homofobia, pela paz e contra a guerra.

Ações globais são convocadas

As falas seguiram com Blessing J. Karumbidza, pesquisador do Instituto de Direitos Econômicos e Sociais da Africa do Sul, o cubano Augusto Guerra, do Movipaz, Josie Riffaud, da Via Campesina, Sandra Quintela, do Brasil, e outros. Os movimentos sociais brasileiros estiveram bem representados, com fortes delegações da MMM e da CUT, especialmente.

Reafirmando a necessidade de construir uma estratégia comum de luta contra o capitalismo, o documento foi fartamente aplaudido e aprovado. “Cada uma destas lutas implica uma batalha de idéias, e nesta não podemos avançar sem a democratização da comunicação”. Por fim, a assembléia de movimentos sociais convoca as forças populares de todos os países a desenvolver grandes ações de mobilização, coordenadas a nível mundial.

20 de março – inspirados nas lutas dos povos da Tunísia e Egito, este dia será chamado como um dia mundial de solidariedade com a luta do povo árabe e africano, a resistência do povo palestino e saharaoui, as mobilizações européias, asiáticas e africanas contra a dívida e em apoio aos processos de mudança que se constroem na America Latina.

12 de outubro – convocada uma ação global contra o capitalismo, onde cada local se manifestará de todas as maneiras possíveis contra esse sistema que destrói tudo por onde passa.

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