sexta-feira, 22 de outubro de 2010

ELEIÇÕES 2010: ENTRE O PADRE E O VOTO!

Domingo, 17 de outubro de 2010 - Antes de proferir a benção final na missa em que presidia na Comunidade Santa Isabel, no bairro Santa Isabel, em Cuiabá, Pe. Izaías, sub-secretário da CNBB/MT, a despeito de dar orientações sobre as eleições, chama a atenção dos fiéis para que no dia 31 de outubro, fiquem atentos e não votem em candidatos que são a favor do aborto, citando o nome da candidata Dilma e do Partido dos Trabalhadores como gente a favor do aborto e que os fiéis devem pensar muito bem na hora de votar e pesquisar o passado da candidata, além de recomendar que assistam vídeo no YouTube de D. Luís – bispo de Guarulhos.

A reação de parte da comunidade foi imediata. Uns gritaram que é preciso pesquisar também o passado do também candidato Serra quando foi ministro da saúde e que também é a favor do aborto; outros se indignaram com a fala do padre e no pátio da Igreja, pude ouvir uma senhora da comunidade dizer: “mulher não pode ser padre, mas pode ser presidente do Brasil”.

Ultimamente, é o que se tem visto: padres e bispos utilizarem-se do púlpito com o pretexto de dar orientações para fazer campanha político-partidária. Isto é anti-evangélico. Apresentar a candidata a presidente como assassina de criancinhas e manchar sua reputação com falsas acusações é ser contra a proposta de Jesus. Considerar os leigos e as leigas como “criancinhas dóceis e inocentes que precisam ser levados pela mão da hierarquia”, é negar o Vaticano II que eliminou esta concepção e desconsiderar que todo cristão, pelo Batismo é “profeta, sacerdote e rei”. Aliás, ninguém melhor do que o leigo e a leiga para falar de política, este vasto e específico campo de atuação do leiga e da leiga, protagonista da evangelização e sujeito eclesial. À hierarquia não cabe assumir poderes políticos e indicar aos leigos e leigas que votem nesse candidato e não votem nessa candidata.

Sobre o aborto, este é um atentado à vida, do qual sou contra, não por motivos religiosos, mas pura e simplesmente por ser a favor da vida. O tema deve ser discutido pela sociedade civil e nós, os católicos, irmos às ruas, às praças, em romarias, em caminhadas, com abaixo-assinado, nas escolas, nas universidades para debatermos nossa postura pela defesa da vida, dos pobres, dos excluídos. Essa é a questão: a opção pela vida, a opção pelos pobres! Mais alimentos na mesa dos pobres, mais empregos de carteira assinada, redução da mortalidade infantil... Esta é a luta pela defesa da vida plena!

É fundamental a luta contra o aborto, mas é também fundamental a luta pela vida plena. “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância!”

O Brasil está mudando e precisa continuar mudando! A nossa arma é o voto e não o padre.

Marilza Lopes Schuina – professora, presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil – CNLB/Regional MT e vice-presidente do CNLB/Brasil.

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