No último dia 7 de novembro, a 13ª Romaria das Comunidades Negras abriu nacionalmente o mês da Consciência Negra. O evento aconteceu no Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo e reuniu agentes da pastoral afro-brasileira de todas as regiões do Brasil e diversos outros grupos. A Romaria teve como tema "Comunidade negra protegendo a vida" e como lema "Com a Mãe Aparecida, amamos e protegemos a vida".
A Romaria é o ponto de partida para que cada estado realize suas atividades em comemoração ao mês da Consciência Negra. Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná são apenas algumas das regiões que estarão promovendo, durante este mês de novembro, missas, shows culturais, painéis, seminários, debates, caminhadas e exibições de filmes.
No Brasil, o Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro e foi escolhido por coincidir com a data da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. Para o padre Ari Antônio dos Reis, assessor da Pastoral Afro-Brasileira, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a data não é apenas de comemoração e festividades. "Devemos, além de comemorar, reafirmar os compromissos de cidadania e reinserção da população negra", lembra.
Atenção aos jovens negros
Durante a Romaria, foi colocado para este mês da Consciência Negra o desafio das comunidades de refletirem sobre o combate à violência contra a juventude negra. Na ocasião, foi sugerido o tema "Negros e negras e a promoção da vida" e o lema "Amamos, promovemos e protegemos a vida". Ambos em consonância com o tema proposto para o Dia Nacional da Juventude celebrado no dia 25 de outubro passado.
"A Pastoral Afro-Brasileira está convidando para um olhar especial para o jovem negro. A Igreja tem que estar atenta para a violência contra estes jovens, que são os mais afetados, sobretudo os do sexo masculino É preciso cuidar e preservar suas vidas. Em várias capitais do País a realidade é que de cada 100 jovens 10 não completarão 18 anos. Por que isso tem que acontecer? O jovem é vítima da violência. Precisamos gerar uma reflexão sobre isso", fala padre Ari Antônio.
A Pastoral Afro-Brasileira busca promover constantemente ações que possam atrair os jovens, por este motivo boa parte dos agentes pastorais são jovens. Contudo, nem todos têm boas oportunidade de vida e acabam trilhando caminhos diferentes e que levam geralmente à droga e à criminalidade. "Existem três fatores principais para a violência, o primeiro são as péssimas condições estruturais de saúde, educação, habitação; o segundo é a falta de emprego e o terceiro fator é o tráfico de drogas. Hoje os jovens não têm recebido boas condições para viver", analisa.
Pastoral Afro-Brasileira
A Pastoral Afro-Brasileira nasceu há cerca de 20 anos e está presente em todos os estados do Brasil. Sua atuação consiste em ceder atenção especial à população negra brasileira. "A atuação da Pastoral é uma forma de a Igreja Católica olhar com carinho para os negros, sobretudo para os que estão passando por dificuldades, também os pobres e excluídos. É nossa missão acolher, evangelizar e olhar as necessidades de todos", diz padre Ari Antônio.
Segundo padre Ari, a Pastoral reconhece a dimensão e a importância da cultura negra e das religiões de matriz africana; por este motivo busca conviver com tudo que seja próprio das populações negras. "Se as religiões ajudam o negro a ser uma pessoa melhor, conviver bem com os outros e a encontrar Deus, isso é bom".
Natasha Pitts - Jornalista da Adital
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