O arcebispo de San Salvador, José Luis Escobar, apóia a proposta do presidente Mauricio Funes que pediu ao Parlamento a reabertura da investigação sobre o assassinato de monsenhor Oscar Arnulfo Romero, mas indaga se o momento é oportuno, pois poderia afetar a estabilidade do país.
“Talvez não cicatrizem as feridas, mas elas se abram”, argumentou, e “voltaremos a uma situação violenta”, disse em coletiva de imprensa. A reabertura do caso poderá questionar a Lei de Anistia, aprovada em março de 1993, que deixou casos em aberto sobre violação dos direitos humanos, cometidos tanto pelo então governo como pela Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), hoje no poder.
A guerra interna matou 75 mil pessoas, oito mil continuam desaparecidas e 12 mil sofreram seqüelas irreversíveis.
Segundo a Comissão da Verdade, instituída por força dos Acordos de Paz assinados em 16 de janeiro de 1992, o assassinato de monsenhor Romero foi supostamente ordenado por Roberto D’Aubuisson, fundador da Aliança Republicana Nacionalista (ARENA, partido de direita).
O assassino nunca foi apurado e os responsáveis saíram impunes em decorrência da anistia proposta pelo ex-presidente Alfredo Cristiani, durante seu governo, de 1989 a 1994. Ela entrou em vigor um dia antes da pretendida divulgação, pela Comissão da Verdade, de crimes cometidos durante a guerra.
O reitor da Universidade Centro-Americana (UCA), José María Tojeira, defendeu, na celebração pelo aniversário do natalício de Romero e que marcou o início das atividades para lembrar os 30 anos de seu assassinato, em 2010, defendeu uma proposta de reconciliação, que substitua a Lei de Anistia.
Essa proposta excluiria a pensa de prisão, e buscaria a verdade dos fatos ocorridos no período da guerra interna. Assim, responsáveis por atrocidades teriam a oportunidade de pedir perdão pelos seus atos. “Estou de acordo com que se estabeleça a verdade de um caso tão emblemático como o de monsenhor Romero, não só o dele, senão também o dos sacerdotes jesuítas”, disse Funes.
A notícia é da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação - ALC -, 20-08-2009.


Nenhum comentário:
Postar um comentário