Vivemos numa sociedade individualista em que cada ser humano carrega dentro de si um potencial competitivo muito forte e é capaz de colocá-lo em ação sob o impacto de qualquer circunstancia em que o interesse próprio sinta-se ameaçado. E a sociedade estruturada sob essa ótica individualista torna-se um campo fértil para que as relações humanas sejam transformadas em relações conflituosas.
Não significa que essas relações conflituosas que envolvem diferentes interesses não possam ser administradas para o lado do conflito positivo quando os protagonistas podem ser qualificados como pessoas capacitadas para desenvolver um dialogo harmonioso, utilizando formas de expressão adequadas e educadas para superar o conflito, buscando atingir o consenso.
Não significa que essas relações conflituosas que envolvem diferentes interesses não possam ser administradas para o lado do conflito positivo quando os protagonistas podem ser qualificados como pessoas capacitadas para desenvolver um dialogo harmonioso, utilizando formas de expressão adequadas e educadas para superar o conflito, buscando atingir o consenso.
Acontece que a vida estressada que a estrutura social nos obriga a viver, vai acumulando dentro de cada um de nós, um explosivo potencial de violência que acaba vindo à tona ao menor sinal de conflito que possamos enfrentar no nosso quotidiano. E aí, ao invés de administrarmos o conflito, tirando dele as experiências positivas, vamos logo transformando-o em “guerra” de vida ou morte.
Esse processo produz resultados muito mais desastrosos quando atinge seres humanos em desenvolvimento (crianças) que, vítimas da exclusão social, sofrem deformações irreversíveis em sua personalidade, transformando-se em agentes violentadores da própria estrutura social, em revide à situação de excluídos a que foram relegados.
O acumulo do potencial de violência em cada um de nós, começa dentro de nossas próprias casas quando somos atingidos pela enxurrada de noticiosos e programas que a “telinha” nos oferece e que, acomodados em nossos sofás, nos tornamos receptáculos vulneráveis, sem apresentar nenhum esforço de filtragem e de analise do que está sendo recebido.
Da mesma forma, na arquitetura de nossas casas, vamos cada vez mais nos encarcerando com muros, cercas elétricas, câmeras, etc., enquanto os marginais vivem soltos nas ruas e só aguardam o momento em que necessitamos sair do cárcere para tomarem também o interior do domicilio.
Da mesma forma, na arquitetura de nossas casas, vamos cada vez mais nos encarcerando com muros, cercas elétricas, câmeras, etc., enquanto os marginais vivem soltos nas ruas e só aguardam o momento em que necessitamos sair do cárcere para tomarem também o interior do domicilio.
Para a necessidade de locomoção, cada um guarda dentro de si a expectativa de possuir o seu próprio veiculo, uma moto ou um carro, e então, quando o sonho se concretiza, o enfrentamento da violência do transito, já incapaz de oferecer a viabilidade da mobilidade tranqüila que cada um necessita. Quantas vidas são despedaçadas sobre rodas, no sentido mais literal da palavra, em nossos dias? Não só nas cidades, mas principalmente nas estradas: corpos sobre o asfalto! E aí, a bebida alcoólica com sua enorme responsabilidade. Inventou-se o “bafômetro”, porem a falta de destreza dos órgãos responsáveis não consegue fazer com que eles produzam seus efeitos, seja pela falta de distribuição adequada dos aparelhos ao longo das estradas, ou pela falta de quantidade adequada do soprador descartável.
A violência contra a mulher, quase sempre vitima dos homens que vêm descarregar em casa o acumulo dos conflitos vividos fora e que apesar de legislação protetora (a chamada lei Maria da Penha), esta se torna ineficiente pela falta de denuncia das vitima.
Uma modalidade de violência que está se tornando insuportável em nossos dias é a violência contra a criança. Desde os problemas com “atos educacionais” agressivos chamados como “castigo”, até as barbaridades da exploração sexual chamadas de pedofilia, crescendo assustadoramente nos últimos tempos.
Uma modalidade de violência que está se tornando insuportável em nossos dias é a violência contra a criança. Desde os problemas com “atos educacionais” agressivos chamados como “castigo”, até as barbaridades da exploração sexual chamadas de pedofilia, crescendo assustadoramente nos últimos tempos.
Outra forma de violência deplorável em nossa sociedade é o racismo, provocando a discriminação de pessoas que são violadas em seus direitos fundamentais, simplesmente por serem de determinada etnia. E são agredidas física e psicologicamente.
A violência contra os pobres, os preferidos de Jesus, vitimas de preconceitos e toda sorte de violência quando procuram seus direitos na busca de atendimentos de saúde, transporte coletivo, habitação, educação, etc.
A violência contra os pobres, os preferidos de Jesus, vitimas de preconceitos e toda sorte de violência quando procuram seus direitos na busca de atendimentos de saúde, transporte coletivo, habitação, educação, etc.
A violência policial, mostrada a todo instante nos jornais televisivos, como a que aconteceu no último domingo, em um estádio de futebol da Baía. A quantidade de mortes já registradas nos confrontos entre policiais e traficantes cujo foco maior se encontra no Rio de Janeiro, mas que já está espalhado por todo canto.
Por isso, a CF proposta pela Igreja nesse tempo de Quaresma que nos pede orações, jejum e esmolas, na verdade quer fazer renascer em cada um de nós, o verdadeiro espírito do Cristo, único capaz de propor mudanças para, num sentido amplo de conversão e crença no Evangelho, construirmos o Reino de Deus..
Por isso, a CF proposta pela Igreja nesse tempo de Quaresma que nos pede orações, jejum e esmolas, na verdade quer fazer renascer em cada um de nós, o verdadeiro espírito do Cristo, único capaz de propor mudanças para, num sentido amplo de conversão e crença no Evangelho, construirmos o Reino de Deus..
ANTONIO OSWALDO STOREL – Coordenador do CNLB – Diocese de Piracicaba.
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